Abril Verde: No Dia Mundial da Segurança e da Saúde no Trabalho, SRTE chama atenção para os transtornos mentais

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No último dia 28 de abril, sexta-feira, Dia Mundial da Segurança e da Saúde no Trabalho e Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Amazonas (SRTE/AM), realizou um Seminário sobre Saúde Mental, fazendo parte da Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho-CANPAT 2017.

O evento aconteceu na Assembleia Legislativa, com a participação de vários parceiros do movimento Abril Verde no Amazonas: Ministério Público do Trabalho (MPT), Susam, SEMSA, Seconci, CEREST, SEMA, SETRAB, FIEAM, SESI e Organizações da Sociedade Civil Organizada.

A superintendente da SRTE em exercício, Márcia Cristina Prado, chamou a atenção para os altos índices de acidentes com trabalhadores no Brasil, 700 mil acidentes de trabalho todos os anos, com 3 óbitos a cada hora. Enfatizou ainda a importância da prevenção das doenças do trabalho em todos os sentidos, sob a responsabilidade de toda a sociedade.

O procurador do Trabalho, Jorsinei Dourado Nascimento, representando o MPT/PRT11, destacou que o tema do seminário é de grande relevância, tendo em vista ser ainda um assunto novo no âmbito dos tribunais e que por isso é importante eventos como este para se ter informações, sobretudo dos profissionais da área de saúde.

As atividades nessa data têm como objetivo chamar a atenção de empregadores, empregados e sociedade em geral para a gravidade do problema da segurança e saúde dos trabalhadores. Segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social, divulgado em 2016, mais de 612 pessoas foram vítimas de acidente e doenças resultantes das condições de trabalho, com a morte de 2.500 trabalhadores.

É na categoria das doenças do trabalho – resultantes da exposição do trabalhador a agentes ambientais que não são típicos de sua atividade, que estão inseridos os transtornos mentais relacionados ao trabalho.

Os principais transtornos mentais que causam incapacidade para o trabalho no Brasil são: transtornos de humor, como a depressão, transtornos neuróticos (síndrome do pânico e estresse pós-traumático, por exemplo) e o uso de substâncias psicoativas, como o álcool e as drogas.

Conceitos e aspectos dos transtornos mentais

Segundo o Dr. Leandro Boni Fajardo, Coordenador do Curso de Psiquiatria Clínica da Universidade, palestrante do Seminário, a ideia do diagnóstico em saúde mental na mão do profissional médico acaba centrado no fato de que existem possibilidades de que vários problemas orgânicos podem levar a alterações na mente. Destacou como exemplo as anemias, que podem levar a sintomas de depressão, alterações da tireoide, uso de substâncias, como álcool e drogas, por isso o cuidado de que o diagnóstico seja feito por um especialista em psiquiatria.

Quanto à ideia errônea de que ao existir um problema de transtorno mental há incapacidade para o trabalho, ele argumentou que o julgamento da capacidade laborativa é especialidade do médico perito do trabalho, “o meu trabalho como médico psiquiátrico é que ele retorne às condições de trabalho o quanto antes”, destacou.

Para a Dra. Daniela Souto Maior de Athayde, perita e médica do Trabalho do Sistema FIEAM, palestrante do seminário, um dos maiores problemas é a depressão. Em 2015 houve um índice de 50 mil pessoas com diagnóstico de doenças mentais, e desses, 2.888 foram associados como doença do trabalho.

Daniela argumenta que “se fizermos um bom acolhimento dos nossos funcionários no processo do admissional, um periódico onde eu tenha uma escuta, onde eu possa levar, como médica do trabalho, aos gestores, para dizer de que forma a gente pode melhorar a nossa qualidade de trabalho, esse índice iria diminuir muito”. Outro aspecto evidenciado foi fato de que a depressão não é causa exclusiva do trabalho. Para a médica e perita, há vários fatores que favorecem o adoecimento, fatores intrínsecos, do ser humano, e o extrínseco, de fora. Vejamos a depressão, “devido a cobrança de sempre estar presente no meu trabalho, mas também penso nos meus filhos que ficaram em casa, eu penso: até que ponto posso aguentar um chefe que está me oprimindo, me obrigando a fazer uma atividade que eu não fui orientada e não fui adequada”, exemplificou Daniela.

O seminário teve ainda a participação das palestrantes Karla Jeannine de Araújo Pedrosa, psicóloga e analista do seguro Social, com o tema, Potencial Laborativo do Trabalhador com Transtorno Mental; e a profa. Dra. Rosângela Dutra de Moraes, coordenadora do laboratório de Psicodinâmica do Trabalho da Ufam, com o tema, Saúde Mental e Trabalho: dimensão subjetiva.

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