MPT entrega Notificação a municípios do Amazonas para orientar na execução da Política Nacional de Resíduos Sólidos

O Ministério Público do Trabalho no Amazonas (MPT 11ª Região) entregou uma Notificação Recomendatória aos representantes dos municípios de Tonantins, Lábrea, Santo Antônio do Içá, Nova Olinda do Norte, Urucurituba, Rio Preto da Eva, Envira, Guajará, Canutama e Iranduba para que sirva de roteiro na implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

Durante a reunião realizada na sede do MPT, em Manaus, nesta quinta-feira, 15, também foram ouvidos os representantes dos municípios citados a fim de traçar um diagnóstico de como está funcionando a implementação da PNRS nos respectivos locais e, também, a atual situação dos catadores e procedimentos de coleta seletiva.

Segundo a Procuradora Chefe do MPT 11ª Região Alzira Melo Costa, que conduziu a audiência, ainda são notáveis os obstáculos que os municípios enfrentam para executar a PNRS. “Nota-se muita dificuldade principalmente pela ausência de recursos para a implementação e manutenção do aterro, ausência de local adequado, de pessoal técnico e de estrutura física para as Secretarias, bem como ausência de organização dos catadores dos municípios e de viabilidade de escoamento dos materiais recicláveis para locais onde podem ser vendidos os produtos”, explica.

Alzira Costa informou que pretende reunir pequenos grupos de municípios com o intuito de firmar Termos de Ajustamento de Conduta (TACs), onde a administração municipal se comprometa a cumprir a PNRS. “Está sendo pleiteado, a nível nacional, que os municípios que assinarem o TAC perante o MPT, possivelmente, poderão ter prorrogado o prazo para recebimento dos recursos oriundos do Governo Federal”, finalizou a procuradora.

PNRS - O Ministério Público do Trabalho no Amazonas vem desenvolvendo um árduo trabalho junto aos catadores em busca de viabilizar a efetiva aplicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS - Lei n.º 12.305/2010) no que diz respeito à implantação da coleta seletiva com a participação de cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda. A PNRS disciplina a coleta, o destino final e o tratamento de resíduos urbanos, perigosos, industriais, entre outros. Também prevê outras medidas como a extinção dos lixões existentes no país até este ano. 

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Atuação conjunta entre MPT e MPF resulta em resgate de trabalhadores em condição similar à escravidão em Barcelos

Operação realizada em parceria com o Ministério do Trabalho encontrou 13 trabalhadores atuando na extração da piaçava submetidos a servidão por dívida



Trabalhadores submetidos a um ciclo de servidão por endividamento, com jornadas de trabalho excessivas e alojados em construções improvisadas no meio da floresta Amazônica sem qualquer segurança ou mínimas condições de higiene pessoal. Esse foi o cenário verificado durante operação de resgate de trabalhadores que atuavam na extração da piaçava – fibra largamente utilizada na confecção de vassouras – no município de Barcelos (a 405 quilômetros de Manaus), a partir de atuação conjunta entre o Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM), Ministério Público do Trabalho no Amazonas (MPT 11ª Região) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com apoio do Exército Brasileiro e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Todos os trabalhadores resgatados afirmaram ter vinculação com o empresário Luiz Cláudio Morais Rocha, popularmente conhecido como 'carioca'. Com base nos relatos colhidos constatou-se que eles atuavam na extração da piaçava de segunda a sexta-feira, durante todo o dia, e aos fins de semana faziam o beneficiamento da fibra, prática conhecida como 'penteamento' da piaçava. Os depoimentos dos trabalhadores, confirmados pelo próprio empresário, também demonstram que Luiz Cláudio tinha consciência das condições precárias a que estavam submetidos os trabalhadores, já que periodicamente visitava os locais de extração.

Antes mesmo de iniciar a atividade, conforme contou o procurador do Trabalho Renan Bernardi Kalil, os trabalhadores eram impelidos a contrair dívidas com o empregador, por meio de intermediários chamados de 'patrõezinhos' ou aviadores, a partir de adiantamentos em dinheiro ou repasse de mercadorias e insumos necessários para o trabalho, como combustível e alimentos, com valores superfaturados em até 140%. “Com uma dívida a pagar antes mesmo da prestação do trabalho, os 'piaçabeiros', como se autodenominam os trabalhadores do ramo, precisam passar longos meses nos locais de extração da fibra para conseguir pagar a dívida e tentar obter algum saldo, que girava em torno de R$ 200 reais por mês”, explicou Renan Kalil. Nenhum dos 13 trabalhadores resgatados conseguiu obter saldo correspondente ao valor de um salário mínimo mensal.

Em função de descontos automáticos de até 20% aplicados sobre o peso da piaçava extraída, tanto no ato da entrega feita pelos trabalhadores como no repasse dos intermediários ao empregador, muitas vezes sequer as dívidas eram quitadas e o piaçabeiro era obrigado a retornar para as áreas de extração sem receber remuneração pelo trabalho. “Em vez disso, contraía nova dívida, criando assim um círculo vicioso que mantém o trabalhador submetido a servidão por dívida, o que também configura trabalho em condições análogas às de escravo segundo a legislação”, acrescentou Kalil. Um dos relatos ouvidos confirma que também os intermediários se mantém vinculados ao empregador por meio de dívidas que chegam a R$ 30 mil.


As irregularidades na cadeia produtiva da piaçava em Barcelos já vinham sendo apuradas em inquéritos civis conduzidos pelo MPF e pelo MPT, com base em relatos e denúncias recebidas pelos órgãos. A partir da realização do projeto MPF na Comunidade no município, em dezembro do ano passado, foi possível colher depoimentos e fazer um diagnóstico mais preciso do funcionamento da cadeia para embasar as fiscalizações. “Naquele momento percebemos a necessidade de avançarmos na fiscalização e análise da situação em Barcelos, a partir do contato com os trabalhadores e com os patrões”, contou o procurador da República Julio José Araujo Junior, que participou da visita à cidade em dezembro de 2013.

As investigações e fiscalizações na cadeia produtiva da piaçava em Barcelos ainda irão continuar, conforme adiantou o procurador da República Galtiênio da Cruz Paulino. A estimativa feita com base em depoimentos colhidos durante a operação indica que pelo menos 80 trabalhadores vinculados somente ao empresário Luiz Cláudio Moraes Rocha estejam submetidos às mesmas condições dos trabalhadores resgatados. “Temos informações de que outros empregadores que não só o Luiz Cláudio mantêm relações de trabalho ilegais como as que foram identificadas durante a operação, por isso as investigações continuam e certamente serão realizadas novas fiscalizações”, acrescentou. Ele adiantou ainda que o MPF aguarda o recebimento do relatório de fiscalização do MTE para analisar as informações e adotar as medidas judiciais cabíveis na esfera criminal.

Locais de difícil acesso – O procurador da República ressaltou que, para chegar até o local onde os trabalhadores foram encontrados, nas localidades de Buracão e Águas Vivas, foi preciso viajar mais de 12 horas em embarcações potentes a partir da sede das comunidades até a entrada do rio Preto, um afluente do rio Negro. De lá, só foi possível seguir viagem em embarcações de pequeno porte. Mais três horas de navegação e uma hora de caminhada mata a dentro ainda foram necessárias para que a equipe da operação encontrasse a base montada pelos próprios trabalhadores.



Desde novembro de 2013 instalado no local de onde foi resgatado durante a operação, o piaçabeiro Lázaro da Silva Barbosa, de 61 anos, relatou que trabalha há 45 anos na extração da fibra. Ele contou detalhes das péssimas condições a que são submetidos os trabalhadores do ramo e revelou que já teve de extrair piaçava após ter sido picado por escorpião, sem nenhuma medicação. “Quando sou picado trabalho do mesmo jeito. A gente trabalha doído mas faz esforço para terminar o trabalho, para pagar o que a gente deve. Se eu for embora no dia que eu fui picado, é um dia de trabalho perdido, por isso que a gente faz esse esforço” (sic), relatou.

Políticas públicas – Durante a entrevista coletiva concedida à imprensa na manhã desta quarta-feira (14), os procuradores destacaram que não há qualquer objeção em relação à atividade de extração da piaçava, que hoje sustenta a economia de Barcelos, e sim à forma ilegal como as relações de trabalho vêm sendo mantidas na cadeia. “O que sustentamos é a necessidade de as relações e as discussões em torno da regularização da cadeia passarem pela obediência à legislação trabalhista e criminal”, explicou o procurador da República Julio Araujo.

Uma reunião a ser realizada ainda neste mês de maio para tratar da regularização da cadeia da piaçava deverá promover o diálogo entre o governo do Estado e os órgãos e instituições interessadas no sentido de legalizar as relações de trabalho existentes. “Consideramos muito importante que as políticas públicas sejam promovidas, mas constatamos que esse processo tem sido muito lento, pois envolve muitos órgãos e se adia a mudança dessa realidade em função das discussões e dos interesses envolvidos. A partir da operação e das medidas cíveis, criminais e trabalhistas que iremos adotar, nosso papel é cobrar que as políticas sejam efetivamente desenvolvidas e coloquem os trabalhadores piaçabeiros como protagonistas, promovendo também a conscientização da população local sobre a ilegalidade desse tipo de prática”, finalizou Araujo.

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Reunião no MPT vai discutir o Estatuto Único das Comissões Gestoras dos Mercados e Feiras de Manaus

Será realizada na sede do Ministério Público do Trabalho no Amazonas (MPT 11ª Região), no próximo dia 21 de maio, às 15h, uma reunião onde será apresentado para aprovação os termos da minuta do Estatuto Único das Comissões Gestoras dos Mercados e Feiras do Município de Manaus.

Participarão, além do órgão ministerial, representantes Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria de Feiras e Mercados, Produção e Abastecimento; Sindicato do Comércio Varejista dos Feirantes de Manaus e presidentes das comissões e/ou associações gestoras das feiras de Manaus.

O Estatuto Único é uma das questões que vem sendo discutidas perante o MPT. O objetivo é que também seja definida a regularização da situação jurídica das Comissões Gestoras da feiras municipais de Manaus, para que as referidas Comissões sejam dotadas de personalidade jurídica, com Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), de modo que possam assumir direitos e obrigações, principalmente trabalhistas frente aos seus empregados.

Saiba mais sobre o assunto acessando a matéria publicada no dia 21 de março, com o título “MPT realiza audiência para tratar da regularização jurídica das Comissões Gestoras das feiras de Manaus”, clicando aqui.

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TAC firmado perante o MPT beneficia agentes de portaria e porteiros no Amazonas

Obrigações assumidas pelos sindicatos das empresas e dos empregados contempla cerca de 12 mil trabalhadores

Foi firmado na manhã desta sexta-feira, 09, perante o Ministério Público do Trabalho no Amazonas (MPT 11ª Região) um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) em que o Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação do Estado do Amazonas, o Sindicato dos Empregados nas Empresas de Asseio e Conservação do Estado do Amazonas (Seeaceam), Sindicato dos Empregados em Condomínios e Empresas Prestadoras de Serviços de Manaus (Sindecomprests) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas comprometeram-se a esclarecer aos trabalhadores e a regularizar a forma de cálculo de parcelas salariais dos agentes de portaria e porteiros no Amazonas.

O procurador do Trabalho Jorsinei Dourado do Nascimento explica que as empresas vinham calculando as parcelas salariais de forma inadequada. “O cálculo salarial incorreto vinha gerando um prejuízo que chegava até a oitenta e cinco reais por trabalhador, ou seja, correspondendo a mais de 10% do valor salarial. Para a categoria de um modo geral, esse valor correspondia a um impacto de quase 1 milhão de reais por mês, em razão de atingir 12 mil trabalhadores”, explicou.

De acordo com o TAC firmado, cinco itens referentes ao regime de trabalho, divisor aplicável, adicional noturno, horas extras intervalares e comuns deverão ser acrescentados na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) 2013/2014 até o próximo dia 26 de maio, como, por exemplo, a aplicação do divisor de no máximo 192 para o regime de trabalho de 12x36, a integração do adicional noturno na base de cálculo das horas intervalares e das horas extra normais 50 a 100%, em relação aos trabalhadores que laboram integralmente no período noturno, entre outras.

O Termo de Ajustamento de Conduta é válido por tempo indeterminado e caso seja constatado o descumprimento das determinações será cobrada multa de 5 mil reais.

Jorsinei Nascimento lembrou ainda que a partir do momento em que os Sindicatos firmaram o acordo e se comprometeram perante o MPT em regularizar essa situação, todas as empresas vão ter que observar as obrigações assumidas. “Uma vez aditado na CCT 2013/2014 a forma de cálculo correta, a determinação já passa a ser aplicada, a partir do mês de junho, para todas as empresas ligadas aos referidos entes sindicais, sendo os trabalhadores os beneficiados diretos com a mudança a ser comprovada nos contracheques. O MPT vai estar fiscalizando não só o cumprimento do TAC, mas também se as empresas estão realmente pagando os trabalhadores de acordo com a forma de cálculo adequada”, finalizou.

*Mais informações sobre o assunto exposto na matéria podem ser obtidas na sede da Procuradoria Regional do Trabalho da 11ª Região, em Manaus, ou por meio dos entes sindicais.

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Meio ambiente do trabalho é o tema que mais recebe denúncias no MPT no Amazonas

Acidente de trabalho é uma das fatalidades que o meio ambiente de trabalho inseguro pode causar

No ano de 2013, o Ministério Público do Trabalho no Amazonas recebeu 435 denúncias relacionadas ao meio ambiente do trabalho, sendo a queixa mais recorrente relacionada às condições de trabalho. Em 2014, até o mês de abril, já são 150 denúncias colhidas na sede do órgão ministerial, em Manaus. Os acidentes de trabalho são uma das consequências de um meio ambiente de trabalho inseguro.

Não é por acaso que este é o tema, entre os que o MPT atua, em que mais são recebidas denúncias no Amazonas. Segundo dados do INSS, de 2010 a 2012, foram registrados no país mais de dois milhões de acidentes de trabalho. O Amazonas é o segundo estado da região Norte com o maior índice - foram aproximadamente 28 mil acidentes de trabalho neste período, perdendo apenas para o estado do Pará.

Tendo em vista dados tão assustadores, o MPT no Amazonas vem desempenhando um árduo trabalho com o objetivo de resguardar a segurança e saúde dos trabalhadores e reduzir os acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, especialmente no Pólo Industrial de Manaus (PIM), onde a situação e condições a que os trabalhadores estão submetidos é precária.

A exemplo está a Samsung Eletrônica da Amazônia LTDA. A empresa vinha submetendo os empregados à riscos de doença pelo ritmo intenso e pela atividade repetitiva da linha de montagem. A companhia sul-coreana é alvo de uma ação civil pública onde o MPT pede uma indenização por danos morais coletivo no valor de 250 milhões de reais.

O uso dos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) é um dos pontos que tem sido evidenciado pelo órgão ministerial na conscientização dos empregadores e trabalhadores como a melhor forma de evitar acidentes de trabalho tanto nas indústrias quanto na construção civil leve e pesada. Os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), tais como capacetes e botas, por exemplo, não são suficientes para erradicar os acidentes. É necessária a adoção de Medidas de Proteção Coletiva, por meio de uma adequação mais ampla do meio ambiente de trabalho.

28 de abril - Uma explosão em uma mina de carvão em Farmington, nos Estados Unidos, em 28 de abril de 1969, que vitimou 78 trabalhadores, foi o motivo pelo qual a Organização Internacional do Trabalho (OIT) instituiu a data, desde 2003, como o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes de Trabalho.

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