MPT cobra de bancos redução das ocorrências de assédio moral

Participaram do ato público representantes dos bancos, do sindicato dos bancários e associados



Assédio moral em estabelecimentos bancários foi o tema do ato público realizado na última segunda-feira, 21, na sede do Ministério Público do Trabalho no Amazonas (avenida Mário Ypiranga Monteiro, nº 2479, Flores). O evento faz parte de uma campanha nacional do MPT, que está acontecendo de 21 a 25 de outubro em diversas unidades do órgão ministerial pelo país.

De janeiro a outubro deste ano, o MPT no Amazonas recebeu 116 denúncias de assédio moral, envolvendo 2349 trabalhadores. O número de envolvidos cresceu 130% em relação a todo o ano passado, que foi de 1022, em 145 processos. A situação é especialmente grave na categoria dos bancários.

Segundo consulta feita pela Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf), em âmbito nacional, o assédio moral atinge 66% dos bancários. Depressão, estresse, alcoolismo e suicídio, são algumas das possíveis consequências do problema. Além disso, uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB) revela que, diariamente, um bancário tenta suicídio e, a cada 20 dias, um deles acaba por consumar o ato.

O encontro foi mediado pela procuradora do Trabalho e coordenadora regional da Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade), Fabíola Bessa Salmito Lima. Participaram os representantes do Banco do Brasil, Banco da Amazônia, HSBC, Bradesco, Santander e Itaú, além do Sindicato dos Bancários e  associados.

Para Fabíola Salmito, os bancários estão mais propícios a sofrer assédio moral devido ao alto nível de hierarquização do sistema. “O poder hierárquico contribui para esta conduta. São ordens às vezes inseridas na própria estrutura organizacional, pelo lucro a qualquer custo”, explica.

A procuradora do Trabalho expôs o que configura o assédio moral, as características e formas de combate, além de cobrar uma redução do número de registros de assédio moral no setor bancário, uma vez que todos os representantes dos bancos afirmaram estar com os manuais de ética atualizados, disponibilizarem cursos relacionados ao tema aos funcionários e, ainda, adoção de soluções e acompanhamentos no caso de ocorrências.

Já o presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Amazonas, Nindberg Barbosa, ressalta que a imposição e cobrança por metas exageradas é uma das principais reclamações dos agentes de serviços bancários. “O gestor pensa que é dono das pessoas, manda nelas com tom ameaçador. Às vezes eles falam, por exemplo, que tem que vender dez seguros de carro e não adianta nem voltar no outro dia se não conseguir”, afirmou.

Também foi dada a palavra à todos os bancários que desejaram fazer questionamentos ou expor suas experiências. Ao termino do debate foi entregue a todos os participantes uma cartilha elaborada pela Coordenadoria, intitulada “Assédio moral em estabelecimentos bancários”, com o intuito de esclarecer para a categoria e a sociedade em geral, por meio de conceitos e exemplos, questões relacionadas ao assédio moral no ambiente de trabalho.


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